Seguindo nossa trilha de opções de serviços não jurídicos prestados por advogados, após falarmos sobre infoprodutos e coaching, chegou a vez da consultorias em gestão e marketing.
Tanto a gestão legal quanto o marketing jurídico são ramos especializados no mercado jurídico e se apresentam cada vez mais essenciais para os escritórios de advocacia e advogados, sem restrições. Portanto, é possível dizer que quem atua com serviços de consultoria nestes temas possui mais de um milhão de possíveis clientes atualmente.
GESTÃO LEGAL
Quando iniciei meus passos no ramo da gestão legal em 2001 este termo não era muito difundido, embora a gestão aplicada ao universo jurídico já tivesse sido iniciada em grandes escritórios de advocacia. Isso mesmo, naquela época gestão era um luxo para poucos. Aliás, encarar o negócio jurídico como um negócio que necessita de ferramentas de gestão como qualquer outro ainda não faz parte do cotidiano de todos.
Hoje, depois de 22 anos imersa na gestão legal, não tenho dúvidas de que o assunto é muito mais bem compreendido por nossa classe e que, mesmo aqueles que não investem nela, sabem que deveriam fazê-lo.
O que é a gestão legal?
Gestão legal é um ramo da gestão especializado no mercado jurídico.
Podemos afirmar que tanto para escritórios de advocacia, quanto para departamentos jurídicos a gestão especializada é vital para o seu bom funcionamento e resultados. As sociedades unipessoais e os autônomos também carecem cuidar de sua gestão, mesmo que de maneira simplificada.
Para efeitos de exemplificação, listarei aqui alguns pontos importantes que precisam ser considerados na gestão dos negócios jurídicos.
- Planejamento estratégico
- Gestão de processos contenciosos, serviços consultivos e outros
- Controladoria (parte administrativa da gestão de processos)
- Gestão de produção de conteúdo
- Gestão administrativa
- Gestão financeira
- Gestão de pessoas
Em todos os itens acima, necessitamos compreender a necessidade e adequação dos recursos: software e pessoas (interação humana) a fim de definirmos os procedimentos / rotinas / fluxos de trabalho.
A gestão de pessoas é um item que se destaca dos demais devido suas peculiaridades e diferenças em seu tratamento. Para os demais, basicamente seguimos os mesmos roteiros de trabalho adaptados a cada área.
Quem está apto a prestar serviços de gestão legal?
Advogados e não advogados têm se aventurado na gestão legal, seja como gestores legais de médios e grandes escritórios, seja como consultores prestando serviços de assessoria para um determinado público, na maioria das vezes agrupado por seu porte.
O senso apurado de organização é condição sine qua non para alguém que deseja trabalhar nesta área. Um advogado que não possui o seu negócio metodicamente organizado, não deveria sequer cogitar a possibilidade de mergulhar neste ramo.
O ditado “casa de ferreiro, espeto de pau” não se aplica ao caso em questão e muito me aflige quando me deparo com pessoas “desorganizadas” entrando na área da gestão legal.
Além da organização aflorada, conhecimento básico sobre administração também é imprescindível para alguns casos e, para outros, um conhecimento mais profundo é importante. O mesmo ocorre com o financeiro.
Não podemos esquecer das ferramentas de tecnologia. Os softwares são importantes aliados dos fluxos de trabalho para se alcançar uma boa gestão legal.
Como já disse, é possível não advogados prestarem consultoria em gestão legal, aliás, conheço alguns poucos casos de sucesso em consultoria de gestão financeira exclusivamente. Entretanto, quando se busca um profissional completo, que possa atuar em várias linhas da gestão em um escritório, sem dúvida a formação jurídica credita pontos, na medida que o conhecimento desta matéria e do seu linguajar auxiliam absurdamente na administração de um negócio inundado de especificidades.
Um especialista em finanças, por exemplo, nem sempre compreende a capacidade que os advogados têm de criar regras para o recebimento dos seus honorários 😊
Sendo assim, entendo que um advogado que se dedica à gestão legal, tem muito menos a estudar e muito mais chances de êxito em ser completo do que outro profissional. Para ele é importante aprender mais sobre administração, finanças e tecnologia, por exemplo. Para outros profissionais, aprofundar na área jurídica pode ser bem mais difícil.
Acrescento ainda que há consultores que são mais estratégicos e outros mais “mão na massa” e aqui deixo um alerta, pois muitas das vezes o famoso “tem que…” daqueles que são mais estratégicos não mensura os esforças e não analisa os recursos: softwares e pessoas, o que pode gerar um baita ruído no momento de implementação do plano definido pela consultoria.
Quem é o público que demanda deste serviço?
Todo negócio jurídico precisa de auxílio na sua gestão legal. E esta assessoria vai desde a formatação de planilhas para gestão do contas a pagar e receber, até a utilização de um time dedicado somado com os melhores e mais caros softwares para a gestão financeira do escritório.
Portanto, entender qual é o público que irá atender ajuda muito a definir uma estratégia de estudos e experiências.
Mais um exemplo: nem todo porte de negócio comporta um time de controladoria, aliás, enquanto alguns públicos sequer possuem uma secretária, outros possuem várias. Enfim, direcionamentos se tornam mais ou menos complexos e precisamos saber do que realmente precisamos para atuar na área.
MARKETING JURÍDICO
O marketing jurídico está em evidência nos últimos anos e não faltam interessados pelo assunto. Embora a lista de entusiastas seja imensa, o rol daqueles que compreendem que marketing não é apenas publicidade e que precisa de estratégia e seriedade para alcançar resultados, não é tal longo assim.
O que é o marketing jurídico?
O inciso I do artigo 2º do Provimento 205/2021 assim conceitua:
Marketing jurídico: Especialização do marketing destinada aos profissionais da área jurídica, consistente na utilização de estratégias planejadas para alcançar objetivos do exercício da advocacia;
Para efeitos deste artigo, o conceito apresentado pelo provimento é mais que adequado, por isso seguiremos com ele.
Quem está apto a prestar serviços de marketing jurídico?
Advogados e não advogados que tenham conhecimento do negócio jurídico, do mercado, de técnicas e ferramentas de marketing e principalmente expertise profunda nas regras que permeiam o marketing jurídico podem trabalhar com este tipo de oferta.
Os serviços prestados podem ser mais estratégicos ou táticos. Agências que fazem gestão de mídias digitais (site, blog e redes sociais) são um diferencial para quem pode contratar este tipo de serviço. Portanto, a estrutura necessária para um advogado trabalhar com a prestação de serviços relacionados ao marketing jurídico irá depender bastante do escopo dos serviços que pretende entregar.
Muitos infoprodutos têm sido produzidos sobre este tema e isso também pode ser considerado no planejamento de um escopo mais completo.
Parcerias entre profissionais com entrega mais estratégica e agências mais “mão na massa” são importantíssimas para aqueles profissionais que pretendem atuar apenas na esfera do planejamento assessorando os negócios jurídicos a definirem os melhores caminhos para alcançarem seus objetivos. O bom relacionamento entre essas duas pontas é essencial para que o resultado seja satisfatório. Portanto, se pretende atuar na área e não há intenção em investir em uma estrutura que faça trabalhos de gestão de mídias, já vá identificando seus possíveis parceiros, pois quando não há alinhamento entre fornecedores que atuam na mesma frente, sempre ocorre desgaste, retrabalho e insucesso.
Quer montar uma agência? Tenha atenção redobrada ao tomar esta direção, pois se designer gráfico, por exemplo, não for uma habilidade do seu currículo, pense que seus colaboradores precisam estar muito envolvidos com seu negócio, pois deixar seus clientes na mão caso tenha alguma ausência, poderá gerar danos irreparáveis para sua marca e seus relacionamentos.
Quem é o público que demanda deste serviço?
Todo advogado precisa deste tipo de serviço. Mesmo que a ideia seja apenas uma assessoria nas definições basilares, inclusive de marca e posicionamento, sempre há espaço para que um profissional que atue no marketing jurídico seja contratado.
Escritório com estrutura maior necessitam de um acompanhamento mais constante e profundo, entretanto, nem sempre sabem disso.
Cabe a nós, profissionais da área, divulgarmos informações sobre as estratégias de marketing, para que se tornem cada vez mais conhecidas e importantes para o universo jurídico.
Não é difícil percebermos que existe mercado tanto para a consultoria de gestão legal, quanto a de marketing jurídico. Entretanto, eu acredito que sejam carreiras que não conseguem conviver com a carreira do advogado que advoga, que presta serviços jurídicos. Penso realmente que não vale a pena conciliar as 2 coisa, não apenas pela dedicação, mas também por questões éticas e de sigilo.
Uma coisa é um advogado, que tem maior conhecimento sobre os temas e larga experiência sobre eles em seu negócio, ministrar palestras para os colegas, participar de comissões temáticas na OAB. Outra muito diferente é um advogado tomar estas atividades como sendo parte de seu portfólio de serviço e se apresentar como consultor, dar cursos etc. Como já disse, entendo que estas carreiras se excluem.
Dica de quem atua há 22 anos na área: para ser respeitado e de fato levar valor para os negócios jurídicos com gestão e marketing, não basta conhecer um pouco, estudar bastante e ter tido alguma experiência. É necessário mergulhar neste mundo, conhecer várias realidades, ter muitas parcerias, participar de muitos grupos e se DEDICAR à gestão legal e ao marketing jurídico.
Àqueles que decidirem se tornar consultores em gestão e marketing com atuação exclusiva para o mercado jurídico, desejo boa sorte e me coloco à disposição para trocarmos figurinhas! 😊
- LinkedIn: Juliana Pacheco
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